Resgatando o SF das cinzas após um bom tempo hibernando na Batcaverna, o blog está reativado com a qualidade de sempre que você, caro leitor, já está acostumado.
Porém hoje não irei cornetar ninguém, ou analisar o desempenho de um time, ou de um jogador. Isso virá mais pra frente, hoje o blog volta com duas entrevistas especiais que tive o prazer de fazer, com dois torcedores, dois profissionais que estão na área do comércio e que transbordam loucura e amor pelo Corinthians.
Com isso, repaginando o "Lá na Geral" no Simplesmente Futebol, onde todo mês existirá um espaço para torcedores falarem de suas áreas profissionais e também sobre futebol, para que você sinta-se representado, afinal de contas, ninguém vive mais o esporte bretão do que o torcedor, independente de onde seja ou o que faça.
Então, apresento os dois entrevistados: Dalelque Ferreira e Marcos Roberto Miquelotto; Ela, líder de célula e ele, o gerente comercial da HAVAN São Pedro da Aldeia/RJ. Ambos, corintianos e apaixonados por esporte, mas que também vivem a intensidade do comércio, principalmente em tempos de tanta preocupação com crise em nosso país.
Primeiramente, as damas; Sendo assim, a ex-atleta Dalelque Ferreira começa o bate-papo falando sobre sonhos, o desafio de trabalhar diretamente com dinheiro, liderar operadoras de caixa e muito mais. Vale a pena conferir!
1) Primeiramente, quem é Dalelque Ferreira? A ex-atleta, a corintiana fanática natural de Franca/SP e que hoje gosta do que faz no litoral do Rio de Janeiro?
Bom, a Dalelque é uma menina guerreira, sonhadora e realista. Confiante no que faz e que é grata por tudo que a vida lhe proporcionou.
2) Baseado nessas gratidões e na frase que você tanto gosta: "Amo o que faço!", pergunto: É melhor fazer o que gosta, aquilo que vemos como provável carreira quando somos mais novos, ou gostar do que fazemos, por circunstâncias da vida?
Pelo que aconteceu comigo, não foi nada planejado já que eu era uma atleta. Porém a vida me levou para um outro lado que eu acabei gostando muito e por isso que eu digo, eu amo o que faço.
3) Como surgiu a atleta Dalelque Ferreira? Como foi o começo, o incentivo dos pais e se desde criança, você tinha o sonho de ser atleta?
Eu sempre pratiquei algum esporte. Desde criança, meu pai sempre me incentivou muito e em um daqueles torneios escolares, acabei me destacando e fui para uma final que acabou sendo realizada em outra cidade, onde haviam olheiros que me chamaram para fazer um teste em São Paulo, no qual eu passei e fiquei por quatro anos no Projeto Futuro, mantido pelo governo pra manter os atletas de todo o país, que se destacam.
4) A partir daí, como foi a sua evolução como atleta até chegar ao recorde brasileiro sub-23 do revezamento 4x400m?
Não emplaquei de cara, até porque deve existir uma trajetória para chegar ao sucesso. Você apanha nos primeiros dois anos, começa a caminhar no terceiro e no quarto você emplaca. Só que para todo atleta, existem os altos e baixos e justamente nesses momentos de baixo rendimento, eu acabei sofrendo um acidente e eu já não estava bem... Sabe quando tudo conspira para você não seguir aquele destino? Então eu acabei migrando para outro lado, comecei a estudar e larguei o atletismo.
5) Mesmo gostando muito do que você faz atualmente, aquela clássica pergunta ainda passa pela sua cabeça? "Como é que seria se...?"
Claro! Todos os dias, porque o atletismo era a minha vida, eu amo o esporte. Se eu ver no noticiário alguma coisa sobre atletismo, eu paro o que eu estiver fazendo para assistir o que estão falando e ainda acompanho bastante o que está se passando. Porém, eu admito que perdi muitas oportunidades saindo do esporte, hoje poderia estar vivendo uma outra vida, mas não me arrependo do que fiz e se isso aconteceu, é porque tinha que acontecer, não tenho que ficar lamentando.
6) Quem era o seu ídolo no esporte?
Meu técnico, Marcelo Lima. Foi o cara que me xingou, me fez voltar chorando pra casa quase todos os dias, mas foi quem me fez crescer e me colocou lá. Sou muito grato à ele e ao meu pai, meu grande incentivador.
7) Dando uma pincelada no que você faz atualmente. Trabalhar no comércio e, ainda mais, na frente de caixa é difícil, estressante ou desafiador?
Desafiador. Tudo dentro da Havan é um desafio, por isso que toda vez que eu for subir alguém de cargo ou mudar alguém de lugar, eu digo que tenho um desafio para essa pessoa e pergunto se ela irá aceitar ou não. Se a pessoa tiver a ambição de crescer na empresa, ela vai aceitar sem pensar duas vezes e eu gosto de desafiar as pessoas.
Claro que já me decepcionei com alguém que propus um desafio, afinal de contas, quem nunca se decepcionou com alguém, seja no trabalho, seja na vida pessoal?
8) Como começou a sua história com a Havan?
A minha história com a Havan é muito especial, pois as portas foram abertas num momento que eu precisava muito, onde eu estava saindo de uma depressão e a Havan apareceu na minha vida. Eu agarrei com unhas e dentes e a empresa me aconchegou, tudo o que eu precisava, estava ali.
Então eu valorizei bastante, desejei crescer dentro da empresa e faço de tudo para que isso aconteça... Honestamente, claro! (Risos).
(Antes da Havan, Dalelque trabalhou no Waltmart, como tesoureira. Foi o seu 1º emprego após sair do atletismo. Hoje é líder de célula na Havan, onde também começou como tesoureira)
9) Você lida diretamente com dinheiro e com o stress de diferentes tipos de pessoas. Isso exige mais concentração e cuidado do que a prova de atletismo?
A prova no atletismo. Só quem passou pelo que eu passei, conhece esse sentimento de entrar num bloco com as pernas trêmulas, sabendo que você pode conseguir chegar ou cair na primeira barreira. Com o cliente, você já sabe mais ou menos um caminho até mesmo se um chilique ocorrer, sempre acontece, mas nós somos treinados e preparados pra isso... No atletismo, você só sabe o que acontece quando passa da linha de chegada.
10) Usain Bolt é um ídolo? Na sua opinião, o que ele representa para o mundo esportivo, considerando que ele está entre no "Top-3" de atletas considerando todos os esportes?
Com certeza, ele é o melhor atleta do mundo! Ele é inspiração para todos os atletas, disso eu tenho certeza. Para uma pessoa que sai de um país pobre como a Jamaica e ser o melhor do mundo, tão acima dos outros e num esporte que é tão pouco falado? Não tem como não ser inspirador.
11) Considerando que as pessoas só falam de atletismo quando estamos perto de Olimpíadas, como você vê a preparação dos nossos atletas para os jogos olímpicos RIO-2016?
Eu tenho acompanhado pelas redes sociais, onde 90% dos meus amigos são atletas e pelo que estou vendo, eles estão se preparando muito bem. Espero e tô achando que vem medalha no revezamento... Com relação a estrutura, não temos nenhum tipo de estrutura para o atletismo no Brasil. Aqui só há estrutura para futebol, já que esse esporte é o que dá dinheiro para "eles" e o resto não, todos sabem disso, só que isso não é falado...
12) Isso tem a ver com a paixão do torcedor? O brasileiro hoje gosta de vôlei, passou um bom tempo sendo apaixonado por Fórmula 1, basquete, natação... Porque o atletismo não pode estar nesse nível?
Eu penso que o futebol está na veia do brasileiro desde quando ele existe, o atletismo não, mesmo sendo o primeiro esporte a ser criado no mundo, ele não conseguiu isso até hoje, então porque seria no futuro?
13) Como começou a sua paixão pelo Sport Club Corinthians Paulista?
Acho que na barriga da minha mãe ainda... (Risos) Desde pequena recebi a influência da família inteira corintiana, fui acompanhando os jogos e me apaixonei pela camisa, torcida, pelo time. Hoje sou corintiana roxa!
14) Qual o seu jogo inesquecível do Timão?
Sem dúvida, a vitória sobre o Boca Juniors que nos deu o título da Libertadores, lembro que nesse dia postei várias e várias coisas nas redes sociais, foi bom demais, inesquecível.
15) Como você tem acompanhado o Corinthians, mesmo distante e tão atarefada?
16) No comércio, é essencial saber lidar com os clientes e com os colegas de trabalho?
17) Dentre muitas profissões que existem, a operadora de caixa é sempre visto pelos clientes como uma função desvalorizada e tratada como lixo. O que você pensa sobre isso? Falta respeito para essa classe de profissionais?
18) Pra você, o Tite chega a ser um ídolo?
19) Paolo Guerrero... Carlitos Tevez... São referências no Corinthians?
20) Para encerrarmos, gostaria que você deixasse uma mensagem para quem for ler a entrevista:
E aí, o que achou do novo "Lá na Geral"? Identificou-se com as histórias da Dalelque? Você corintiano, tem a final contra o Boca como o seu jogo inesquecível?
Abaixo, confira alguns números dela no atletismo e o recorde brasileiro sub-23 que dura até hoje no revezamento 4x400m feminino.
Então, tento acompanhar pela internet, mas quando minha família veio me visitar recentemente, acompanhamos todos juntos a partida contra o Palmeiras... Logo contra o Palmeiras... (Risos), foi especial. Todos vibrando, xingando, aquela coisa louca...
16) No comércio, é essencial saber lidar com os clientes e com os colegas de trabalho?
Com certeza! Vão existir dias que eu estarei bem, mas meu colega não e eu tenho que entender e respeitar isso. Da mesma forma que eu poderei estar em dias péssimos e terei que aguentar a reclamação de um cliente furioso, com a maior serenidade possível. Acho que isso é realmente fundamental até na vida pessoal... Caso contrário, todos nós nos mataríamos em uma Guerra Civil infinita.
17) Dentre muitas profissões que existem, a operadora de caixa é sempre visto pelos clientes como uma função desvalorizada e tratada como lixo. O que você pensa sobre isso? Falta respeito para essa classe de profissionais?
Darei o exemplo da Havan hoje: Todos são colaboradores, desde o gerente até a operadora de caixa, todos são iguais e devem ser respeitados. A coisa só muda de figura no sentido de respeito quando trata-se de hierarquia, mas quando é para resolver algum problema do colaborador, caso contrário, todos estão no mesmo barco.
No caixa acaba havendo o estopim de tudo porque muitas vezes, o cliente foi mal atendido num setor e ele trata mal a operadora de caixa por achar que nesse estabelecimento, todos são iguais, então é necessário entender os dois lados: O cliente que desconta tudo na menina do caixa, e ela, que recebe tudo aquilo sem poder defender-se.
Muitas vezes ele apenas desabafa, mas depois agradece se for bem atendido no caixa. Porém, outros... Mas de nenhuma forma deve haver desrespeito com ela, só por ser operadora de caixa.
18) Pra você, o Tite chega a ser um ídolo?
Para mim, não. Eu gosto muito do trabalho que ele faz no Corinthians, mas eu não chego a ser fã dele. Eu gosto e sou fanática pelo time e se eu for virar fã de todo treinador que passa no meu time, até porque sempre tem um saindo e outro chegando, eu não terei opinião, então eu busco focar apenas no time.
19) Paolo Guerrero... Carlitos Tevez... São referências no Corinthians?
Não. O Guerrero pra mim não é uma referência para a torcida no Corinthians... Tevez? Piorou. De referência para o time, eu tenho Marcelinho Carioca, Vampeta, Edílson, Rincón... Vestiam a camisa com amor, a identificação antigamente era maior com o clube e com a torcida.
20) Para encerrarmos, gostaria que você deixasse uma mensagem para quem for ler a entrevista:
Eu sou daquelas que pensam o seguinte: Se você tem um objetivo, invista nele até o fim. Nunca devemos desistir de um sonho, porque eu tenho certeza que você vai se arrepender lá na frente quando for olhar pra trás.
Tal qual o Emerson Sheik... Só parar de correr quando a bola ultrapassar a linha de fundo.
Dalelque e FH. Dois colaboradores de "sangue azul" da HAVAN São Pedro da Aldeia/RJ |
E aí, o que achou do novo "Lá na Geral"? Identificou-se com as histórias da Dalelque? Você corintiano, tem a final contra o Boca como o seu jogo inesquecível?
Abaixo, confira alguns números dela no atletismo e o recorde brasileiro sub-23 que dura até hoje no revezamento 4x400m feminino.
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