HENRIQUE OLIVEIRA.
O Diretor Geral e narrador da web-rádio Esquadrão Esportes é o segundo entrevistado do nosso blog. Formado em Direito, abre o jogo sobre o atual momento do rádio brasileiro, do futebol brasileiro e muito mais!
#Confira:
Hoje o Arroz com Feijão & Bola entrevista um Maestro!
Henrique Oliveira, Diretor Geral e narrador da Web-rádio Esquadrão Esportes, no meio de seu corrido tempo diário, encontrou tempo para conceder uma entrevista para nós! Obrigado HC pela disponibilidade!
Antes de mais nada, eu agradeço ao convite e a "deferência", apesar de acreditar que não a mereço (longe disso). Bem, vamos aos fatos....
1) Henrique, quando começou esse desejo de ser narrador?
Eu acompanho narrações esportivas desde 1986, quando tinha 5 anos de idade. Desde aquela época, sempre me interessei muito mais nisso, até porque, de certo modo, isso ajudou em meu desenvolvimento de raciocínio e fala. O modo rápido de falar, o raciocínio dinâmico, tudo isso me auxiliou a querer, um dia, ser narrador. Porém, não foi, exatamente, esse "conto de fadas". Me recordo que, na minha antiga escola, minha professora de Psicologia cismou de aplicar um "teste vocacional", em sala. Eu queria ser narrador, mas você sabe como é um garoto... Cheio de desejos na cabeça, querendo ser 300 coisas, ao mesmo tempo, não se definir.... Passei por isso, também. Não me recordo, ao certo, qual era a minha "preferência", mas lembro que meu teste indicou capacitação para "área biológica". Puxa, eu queria matar a professora, pois era péssimo nisso. Muito mais louco, foi eu ter prestado vestibular para Direito, e passado. Me formei em 2003, vim atuando na área (ainda atuo), mas, em 2008, veio a loucura de começar a viver nesse outro mundo. E tem sido assim, desde então, aos berros de gol e outros ingredientes habituais (risos)
2) Qual narrador mais te inspirou?
Definitivamente, minha maior inspiração foi o Osmar Santos. Cresci ouvindo ele, sua narração leve e emocionante, cheia de bordões que tornavam a jornada esportiva muito mais tentadora de se acompanhar, mesmo que ela fosse terrivel de tão ruim. Com o passar dos anos, fui assimilando outros narradores, como José Silvério e Dirceu Maravilha (ambos da velha guarda), Éder Luiz, e outros bons nomes. Era uma geração maravilhosa, Felipe.
3) Como foi sua primeira transmissão? Conte-nos o antes, o durante e o depois da jornada:
Olha, apesar de estar na carreira há 5 anos, cheia de aparições e sumiços, eu considero como minha primeira partida "valendo", um Roma 2 x 3 Milan, em outubro de 2011 (não recordo o dia, mas recordo que era na Web Futmundi, já extinta). Eu cheguei na Futmundi no final de julho de 2011, após sair da Voz do Futebol (onde conheci o homem que "lançou" o Maestro, de nome Luis Cláudio de Paula, um homem a quem devo a minha vida). Narrei essa partida, com os comentários de Carlos Ramos (Bradesco Esportes FM e a nossa Esquadrão), reportagens de André Vieira Coelho (Esquadrão Esportes. Ele foi outro cara importantíssimo na minha carreira, pois me apresentou à Ismail Filho, na própria Futmundi), e trabalhos técnicos, até mesmo psicológicos, de André Costa (Super Tupi SP, outro homem extremamente importante, pois foi o primeiro contato que eu tive com minha "volta" aos microfones). Quando eu cheguei na Futmundi, eu mesmo pedi para não ser escalado de pronto, para entender como era o público, do que gostava. Estudei muito, pratiquei muito e, no dia, tremi. Poucas coisas foram tão difíceis, quanto narrar aquele jogo. Estava muito nervoso. Foram as 2 horas mais longas que tive, nesses 32 anos de vida. Depois da partida, sei lá, parecia que tinha tirado um planeta das costas. Hoje, dou risada da situação, mas foi duro. O saldo foi até que bom. Ainda tenho esses gols, ainda os ouço, e ainda me emociona recordar...
4) Qual partida você sonha narrar e qual que você narrou é inesquecível?
Inesquecíveis, foram 3. A primeira foi ano passado, a final do Mundial de Clubes, entre Corinthians x Chelsea. Foi um jogo atípico, não tinha dormido na noite anterior, não era eu quem narraria. Porém, devido a compromissos, o Luis Cláudio não pôde narrar, e eu fui. As outras duas, nesse ano, sendo a final da Libertadores, entre Galo x Olimpia, e a final da Champions League, entre Bayern de Munique x Borussia Dortmund. Dizem que toda final é marcante mesmo, que é inesquecível mesmo, mas nessas 3, senti um "algo a mais", que me colocou mais ainda dentro das partidas. Foram os jogos que mais mexeram comigo.Agora, que eu sonhe narrar, nem é específico. Sonho, de verdade, em narrar em uma Copa do Mundo. Não interessa a partida, por mais pífia que seja, quero muito narrar uma Copa do Mundo. É a única coisa que me resta narrar.
5) Como você avalia o atual momento do rádio brasileiro? Quem são os melhores locutores atualmente?
O rádio brasileiro passa por um momento complicado, Felipe. Mas se justifica isso: pessoas incapacitadas para administrar, alguns profissionais que preferem ver seu ego se sobressair, outros respeitados e competentes que são tratados como "lixo".... Se fosse para enumerar a situação que se apresenta, daria para escrever um livro, com tranquilidade. Mais do que isso, até mesmo me alongando, vejamos os exemplos da Bradesco Esportes FM e da Rádio Capital (SP).
No primeiro caso, foi colocada na "gerência", uma pessoa que nada sabe sobre o ramo. Isso fez. obviamente, que o banco que nomeia o projeto fique de cabelo em pé. O gasto financeiro foi absurdo, não apenas com os "naming rights", mas com o aumento estrutural.
Resultado disso, quantos e quantos bons profissionais pagaram pelo erro estúpido do Grupo Bandeirantes de Comunicação (para quem desconhece, a Bradesco faz parte da Bandeirantes), por introduzir amadores no projeto?No segundo caso, podemos entender a situação do ego que ultrapassa limites, quando o responsável pela equipe de esportes da Rádio Capital une esta com a ESPN, mas desliga seus profissionais. Ora, então quem lá estava não presta? Sei que existem contratos comerciais, uma nova marca que surge (apesar da ESPN ser uma empresa lendária, respeitada e idolatrada no mundo todo)... Mas e o pessoal que lá estava, que ajudou a alavancar a rádio? Todos descartáveis?Em ambas as situações, evidente o desrespeito com a classe, e com os ouvintes. Quer dizer que profissionais que o público consagrou, como Fernando Camargo, Hugo Botelho, Luis Cláudio de Paula, Wanderlei Lima, Gomão Ribeiro, Anderson Cheni, Rafael Esgrilis (alguns exemplos), foram NADA para esses veículos? De qualquer modo, perdeu o rádio, e o público, pois o rádio cria uma identidade fiel com o ouvinte. E essa foi quebrada, infelizmente.Voltando ao caso dos melhores, atualmente, deixo claro que todos são bons demais, ouço todos (sem demagogia). Porém, o melhor da atualidade, sem a menor sombra de dúvidas, é Marcelo do Ó (105 FM).
6) Você acha que as web-rádios sofrem algum tipo de preconceito?
Por Quê há uma rivalidade ferrenha entre as web-rádios?
As web-rádios sofrem preconceito SIM, mas de quem está no meio, não dos ouvintes. Não tenho porque detestar qualquer web-rádio, mas contesto a forma como elas fazem para "chamar" audiência. Puxa, não é o ouvinte que define o que deseja ouvir, e onde? Uma rádio não é feita pensando no ouvinte? Então por que essa palhaçada de querer difamar outras webs e seus profissionais? Existem SIM profissionais que vivem com esse âmbito descomunal de difamarem outras webs, de se julgarem acima dos deuses. Vontade de citar nomes, não falta. Sobra, na verdade. Acontece que aqui não é o "Web Fama"...O mais triste é ler que se difama co-irmãs (pena que apenas se define assim, sem efeitos práticos), se lê de diretores que "não pregam animosidade", que é "puro revanchismo", ou até que existe a "inteligência do mal". Eu sou avesso àquela máxima que insinua que "a grama do vizinho é mais verde que a minha". Não me interessa quem faz, se faz, porque faz.... É web-rádio? FAÇA! O meu jeito de atuar não determina o dos demais, e vale para o contrário. Talvez por isso, eu seja até mesmo "mal visto" por alguns desses profissionais, justamente por ser briguento nesse sentido. Não dou liberdade a ninguém do ramo para enumerar aquilo que acredite ser errado, ou contra si mesmo. Apenas os ouvintes podem proceder desse modo, pois tudo é para eles. Não faço reuniões com os demais diretores, até altas horas da madrugada, diariamente, só para ver quem anda abusando, dentro das webs. Mais do que isso, não fico querendo colocar em "portais", o que acontece aqui e acolá (lembra do "Web Fama" que mencionei). Por essa razão que o tratamento de "co-irmã" só vale assim, sem efeito prático algum. Quando TODOS pararem de pensar só em si, quem sabe, isso acontece mesmo. Não existe "dono de modalidade", não existe legislação anti-web.... Existe FRESCURA de muita gente que administra essas webs, e isso precisa acabar. Acaba isso, "efeito dominó", pois cessa a rivalidade.
7) Como é ser Diretor Geral da Esquadrão Esportes e como você avalia os integrantes que te ajudam nesse trabalho?
Ser Diretor Geral é um barato, sou sincero (risos). Não nasci pra comandar, nem sei o que é isso, tanto que a Esquadrão é democrática. São 11 diretores (comigo), mais 25 pessoas (você é uma delas, Felipe), mas com todos possuindo poder de falar e agir. Acho isso muito melhor.Do pessoal, não tenho queixas. Ao contrário, nunca senti tanto orgulho dos "meus meninos e meninas" (tem 2 na equipe, se elas não observassem isso, eu seria morto). São os melhores com quem trabalhei.
8) Qual o seu principal sonho para a Esquadrão Esportes?
Simples: quero a Esquadrão Esportes em alguma dial, mostrando como se faz a mistura ideal de jornalismo e esporte, como já mostra na internet.
9) Qual o seu maior ídolo no futebol?
Meu maior ídolo? Você gosta de me complicar, Felipe, seu canalha (risos)...Vamos lá, vai. Eu sempre brinquei de goleiro. Por lógica, se eu disser que não vejo vários ídolos goleiros, me interne. Vi Schmeichel, Ravelli, Jorge Campos, Preud'Homme, Stelea, Goycochea, Kahn (o maior de todos), Marcos, Rogério Ceni (não é mito por nada)....
10) Qual o seu time de coração e qual o seu momento inesquecível como torcedor desse time?
Sou São Paulo Futebol Clube, com muito orgulho, muito amor, e não escondo, nem mesmo nas jornadas que atuo. Inesquecível foi aquela defesa do Rogério, na falta cobrada pelo fantástico Gerrard (um dos melhores que vi jogar, na posição), na final do Mundial. Ali, eu consegui acordar do sonho e ver a realidade do Tri-Mundial.
11) Como você avalia o atual momento do futebol brasileiro?
O futebol brasileiro está UMA DRAGA. Parece que virou mania um time querer jogar com a força histórica da camisa. Naqueles tempos da pedra lascada (os meus), era normal isso, apesar de grandes nomes atuarem. Hoje, parece que os caras querem fazer imagem, mais nada. Existe muito farsante no futebol brasileiro, muito time que deixa a desejar.... Não é por menos que deixou de ser o país do futebol, passando a ser o berço da vergonha do futebol.
12) Quem você aponta como favorito ao título da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro?
Corinthians na Copa do Brasil, e Cruzeiro no Brasileirão.
13) Quem pode parar o Bayern de Munique?
Só o Bayern pode parar o Bayern. Foi pura obra do acaso a derrota da Supercopa da Alemanha, para o Dortmund (que é o segundo melhor time do mundo, na atualidade). Agora, a diferença reside no que Guardiola fará no Bayern. Diferentemente do Barcelona, os "super jogadores" são menos, mais complicado administrar esse tipo de situação. Um time de ponta, um treinador de ponta (não o melhor da história, mas um deles), e uma missão de se manter. O Bayern nunca passou por uma situação dessa, em toda sua história. Talvez, esse "efeito surpresa" possa parar o Bayern. Talvez....
14) Você prefere mata-mata ou pontos corridos?
Sou muito mais fã do mata-mata. Apesar de que, nos pontos corridos, a chance de atrair mais visibilidade do torcedor é única. Só que ainda sou amante da boa e velha final de campeonato. Sem essa frescura de ida-e-volta. Uma partida só, e estamos conversados.
15) O que você acha dos magnatas bilionários que compram equipes como PSG, CHELSEA e MÔNACO? Vantajoso ou prejudicial para o futebol?
Certas vezes, me passa a impressão que esses magnatas realizam aquilo que fazem na Master League do Pro Evolution Soccer. Grandes times, grandes jogadores, que geram grandes centros. Vantajoso, ao meu ver, nesse último aspecto, especialmente no caso da França que é, sem dúvida, o mais fraco dentre os campeonatos "de ponta", na Europa. Chama audiência, público, vende-se mais equipamento, gera lucro. Prejudicial também, claro, pois "estrelas" alavancam campeonatos. Não que Inglaterra, Espanha e Portugal passem por esse problema de grandes nomes, em ação. Mas, por exemplo, na Itália. Quem, além do Balotelli, é considerada "estrela"? Se muito, Mario Gomez (que acabou de chegar), e Klose. De resto, mais ninguém.
16) Como você vê a situação dos técnicos brasileiros? Acha que estão desprestigiados na Europa diferente de técnicos argentinos como o Tata Martino que acabou de assumir o Barcelona?
Treinador brasileiro, para mim, é apenas um: Tite. Esse homem seria capaz de fazer bonito, onde fosse na Europa, ou em qualquer parte do mundo. O resto é despreparado, incapacitado e fraco. Não existe um que seja extra-série.
17) Você é a favor da adaptação ao calendário europeu?
Sou completamente a favor do calendário europeu ser instituído aqui. Já foi demonstrado que é o mais eficaz, que se pode adaptar as datas de modo mais coerente, que gera maior receita desse modo. Do jeito atual, no Brasil, parece mais aquela reunião de caras que escreve em um saco de pão, sem ler calendário, acreditando que está certo.
18) Quais são os pontos fundamentais que ainda faltam ao Campeonato Brasileiro para poder chegar perto do nível de uma liga européia?
Fundamental é pegar TODA a CBF, e fazer sofrer as dores da agonia, no suplício do inferno. Tal é o descaramento e o descaso da CBF com o Brasileirão, que os caras tem salva a tabela, no Excel, e fazem um "Control-C, Control-V", mais nada. Pode ver, compare as tabelas dos últimos anos, e vai me dar razão. Um regulamento estúpido, arbitragem despreparada, nem dá pra dizer que o Brasileirão é varzeano, pois é um desrespeito com a várzea, muito mais organizada que nosso campeonato nacional. Sem contar a vergonha com a realidade, dias atrás retratada pelo Alex, do Coritiba, que dizia que a Globo que manda, e a CBF é a sala de reuniões. Ele mentiu? Em nada. É que falta alguém ter peito de enfrentar a tal de Globo, que se acha dona de tudo. Ela "late" alto, todo o resto abaixa a cabeça, "enfia o rabo entre as pernas", e sai andando. Cambada de covardes.
19) Estamos tendo as manifestações pelo Brasil, desde o histórico 17 de Junho. Qual a sua opinião sobre essas manifestações?
Até que enfim o povo acordou, que milagre! Cansaram de ser espezinhados por "Deus e mundo", e resolveram agir. Merecem meus respeitos e apoio.
20) Por Quê a Esquadrão Esportes é a 'Tropa de Elite do web-rádio brasileiro'?
O termo "tropa de elite do web-rádio brasileiro" foi criado pelo Chrystian Gedra, e é mais aplicado por Paulo de Tharso e Leonardo Benassatto (os 3 são diretores da Esquadrão, e estiveram enfrentando toda a briga, pós-VAVEL Brasil).
A Esquadrão Esportes surgiu de uma encrenca, engendrada por alguns membros da Rádio VAVEL Brasil (extinta), que se utilizaram de artifícios baixos e imorais, "jogando" a equipe contra ela mesma. Foi uma briga dura, e esses 3, envolvidos na briga, fizeram a equipe nascer como uma legítima tropa."De elite", pois é uma equipe que possui espinha dorsal de 5 anos, já consagrada, com os melhores do webrádio.Unindo-se as expressões, temos que a Esquadrão é diferenciada, pois sabemos como as webs vem atuando, infelizmente, com uma rivalidade estúpida (nem todas, ressalto), e agimos contra isso, tentando abrir os olhos dessas para a realidade do meio, que deve ser unificado.
21) Chegamos ao fim da nossa entrevista com o Maestro Henrique Oliveira e espero que vocês tenham gostado! Antes de terminar Henrique, gostaria que você deixasse um recado para os leitores do #AFB e seus fiéis web-ouvintes:
Agradeço, uma vez mais, essa oportunidade de falar "meia-dúzia de groselhas" (risos), estou sempre à disposição do querido amigo e irmão, que será a revelação de 2013, como comentarista (e será mesmo, pois a competência diz tudo), e, como mensagem final, Eleanor Roosevelt disse, certa vez, que "o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos". De um sonho por ser narrador, meu futuro se tornou lindo e único. Corri atrás, claro, mas é meu futuro, aquele que sempre desejei. Assim, se você possui um sonho, acredita nele, corra atrás dele. Lute e vença. CONQUISTE. Não há nada mais belo do que o futuro sendo guiado por um sonho realizado.
Abraço a todos, e até uma próxima.
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