sábado, 1 de novembro de 2014

FH entrevista: Aline Falcone



Fala galera! Salve salve famintos por bola!

Bom, fiquei um bom tempo sem postar aqui, mas foi por conta de mudanças. O tão maroto "Arroz com feijão & bola" mudou de nome.

#RIPafb

Porém, mudar é preciso e uma nova fase está por vir, com a mesma qualidade e categoria que você já está acostumado a conhecer.

Para começar a sair da zona da "confuJão" e migrar rumo a ponta da tabela, a jornalista Aline Falcone da rádio CBN/RJ, concedeu uma entrevista muito interessante para o nosso blog. Sem mais detalhes para te matar de curiosidade. Então venham conferir, pois está quentíssima!


  1. Aline Falcone, primeiramente agradeço a sua disponibilidade para atender o nosso blog. Começando a prosa, como você iniciou sua carreira? A decisão de ir para o jornalismo foi tomada livremente ou a paixão pelo futebol tem algo a ver com isso?

Imagina, desculpe a demora em responder. Eu me formei pela Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. Durante a faculdade eu fiz diversos estágios, entre eles, no Sistema Globo de Rádio. No SGR, passei por diversas editorias no período de um ano (em 2009) e me identifiquei muito com o Esporte. Eu praticava esporte desde pequena (handebol, beach soccer e vôlei de praia), mas sempre por lazer, não profissionalmente. Quando me formei, não havia vaga para mim no SGR e eu fui para a Bandnews trabalhar com a editoria da cidade. Lá eu comecei produzindo o jornal da noite e ancorando os blocos locais de 22h às 24h. Depois, passei a ser repórter no horário da manhã, coordenadora de jornalismo na parte da tarde e, na sequência, passei a apresentar o Jornal Bandnews Segunda Edição. Foi quando surgiu a proposta de voltar ao SGR, como repórter de cidade da Rádio Globo. Eu fiquei alguns meses como repórter e editora. No final de 2010, surgiu uma vaga no Esporte e o Alvaro Oliveira Filho, gerente nacional de esportes da CBN, me deu a oportunidade de começar na equipe, me deixando muito feliz.



  1. Você já sofreu preconceito por ser mulher e trabalhar no meio futebolístico, mesmo sendo cada vez mais comum ver isso nos dias de hoje?

Já. Sempre tem um comentário ou outro, uma torcida de nariz, um olhar contrariado. Mas a verdade é que nunca dei muita bola para esse tipo de coisa. Minha preocupação era fazer um bom trabalho, aprender cada dia mais e ser uma boa profissional. Sempre acreditei que a competência supera qualquer preconceito.


  1. O que você tem a dizer de incentivo para as meninas que sonham em trabalhar com jornalismo esportivo?

    Que estudem, se informem muito, aprendam muito sobre todos os esportes. Leiam tudo que puderem, perguntem quando houver alguma dúvida. Essa foi a dica que meu gerente sempre me deu e que eu sempre acreditei que era a mais correta de todas. Não adianta ser legal, bonita ou simpática. Você tem que ter conteúdo. É isso o que importa.


  1. Falando agora de futebol, como você avalia o atual momento dos times cariocas? A situação é a pior possível ou ainda resta esperança de melhora?

A situação dos times do Rio não é muito diferente das do resto do Brasil. Tirando o Cruzeiro, o Inter e o São Paulo, a verdade é que o nível do futebol brasileiro está cada vez mais baixo e ninguém faz nada de efetivo para mudar isso. As equipes estão endividadas, fazem contratações ruins, querem que um craque carregue o time todo nas costas. Os times não têm elenco que suportem toda uma temporada, não conseguem pagar os salários, não há capacidade de gerenciar as equipes de uma maneira profissional. O futebol no Brasil é amador e maltrata os torcedores que querem ver um bom espetáculo.



  1. O STJD tem sido o grande nome do futebol brasileiro nos últimos anos. Nem Neymar, tampouco o Brocador ganharam tanto as capas de jornais e diários esportivos desde o ano passado. Até que ponto, a CBF e o superior tribunal tem prejudicado o futebol brasileiro?


Na minha opinião, os clubes refletem o que a CBF é: amadora, mal gerenciada. Como eu disse antes, os clubes no Brasil deveriam ser gerenciados como grandes empresas. E os campeonatos também. O calendário brasileiro é estúpido. As janelas internacionais desmontam as equipes no meio do ano, os clubes não conseguem administrar tantas competições, os jogadores fazem viagens longas em intervalos pequenos, não conseguem treinar de forma decente. É uma culpa conjunta: a CBF finge que administra bem e os clubes fingem que jogam um futebol profissional. As contas se acumulam, as partidas estão cada dia mais sofríveis e o torcedor paga caro para assistir um espetáculo de pouca qualidade. É lamentável.



  1. Qual sua opinião sobre a volta de Dunga ao comando técnico da Seleção Brasileira?

    Acho a prova maior de que nada vai mudar, do retrocesso. De que nem o tal 7 a 1 para a Alemanha, motivo de tanta vergonha, foi capaz de sacudir as estruturas da CBF para fazer mudanças. E, se isso não foi capaz de provocar alguma mudança, alguma coisa será? A derrota da seleção e a fraquíssima campanha na Copa do Mundo deveriam ter servido para mostrar o quanto as coisas estão erradas. E isso desde o princípio, desde as escolinhas, a falta de estrutura no esporte, a falta de investimento e direcionamento das crianças, os treinamentos precários, as saídas precoces dos jovens para o exterior; até a falta de organização dos clubes, as contas que nunca fecham, as dívidas tributárias imensas, a falta de um gerenciamento efetivo... Virou uma grande bagunça que movimenta milhões, mas que está cada dia mais precária. O torcedor paga uma grana alta pelos ingressos ou pela assinatura de tv a cabo e assiste a jogos sofríveis. Jogadores que não sabem fazer um cruzamento decente, que não conseguem finalizar. E são esses os jogadores que vão para a seleção brasileira. Aí ficamos todos torcendo para que Neymar, um único jogador, tenha um lance mágico e carregue a equipe inteira nas costas durante um Mundial? Não tenho nada contra o Dunga, acho ele um bom técnico. Mas não é uma pessoa com uma nova visão do futebol, de estrutura, de gerenciamento. É mais do mesmo. E de um mesmo bem ruinzinho, né?


  1. Você trabalhou com duas referências que tenho no rádio esportivo: Evaldo José e Álvaro Oliveira Filho. Como foi dividir as transmissões com eles e qual o maior aprendizado que fica?

Uma honra e uma grande oportunidade. Toda a minha carreira no jornalismo esportivo eu devo ao Alvaro. Foi ele que acreditou em mim e me deu a oportunidade de começar em uma área que é bem fechada para mulheres que não são ex-atletas. Ele me guiou, me deu espaço, confiou no meu trabalho e sempre me deu muita tranquilidade para atuar. Com ele aprendia todos os dias também no ar, a refletir, a questionar e a ver as situações por um ângulo diferente. E com o Evaldo também. Ele é um excelente narrador, um dos melhores do país. A CBN tem uma equipe de esportes fantástica. E a equipe do Rio, com quem trabalhei durante 4 anos, é singular. Aprendi tudo com eles. Todos são excelentes no que fazem, trabalham com paixão, com muita vontade, e são incrivelmente unidos. E isso transparece no ar. Por isso o ouvinte se sente em casa, com amigos. Você consegue identificar essa cumplicidade de toda a equipe na transmissão que é leve, descontraída, mas sempre com muito conteúdo. Aprendi e continuo aprendendo com eles todos os dias.



8. As “torcidas organizadas” tem afastado o verdadeiro torcedor dos estádios?

Não só as torcidas organizadas, o futebol apresentado e os altos preços dos ingressos também. Mas as torcidas organizadas deixaram de ser um grupo que apoia as equipes para se tornarem vândalos que brigam entre si, depredam estádios e espaços públicos e ameaçam os jogadores. Uma pena. Mas toda e qualquer violência é caso de polícia e tem que ser tratada como tal. “Torcedor” que agride, mata ou quebra e usa o futebol como desculpa, não deve ser tratado como torcedor e sim como criminoso. Usar futebol como motivo para violência é uma atitude muito baixa.


9. Aline, para terminar a entrevista, agradeço novamente a sua disponibilidade e peço para você deixar uma mensagem para os leitores do blog e também para os seus fãs:

Eu que agradeço o carinho e o espaço. E a mensagem para os leitores e ouvintes é a mesma: muito, muito obrigada pelo carinho, pela companhia, pela força e pela atenção que vocês sempre têm comigo. Vocês tornam o trabalho mais divertido, alegram as minhas horas, me fazem companhia, trazem boas informações e opiniões e ainda deixam os problemas mais leves. Isso não tem preço. Muito obrigada! ;)


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